Como você foi parar em Malta?


Para melhor compreensão do texto, vou explicar duas coisas no início:

1-      “Onde é Malta? Faz parte da Itália?” - Para quem não conhece, Malta é um arquipélago no mediterrâneo. É um país independente (fazia parte do Reino Unido até 1964), os idiomas falados aqui são o Maltês, o inglês e a maioria dos malteses fala e entende italiano por conta da proximidade e dos canais da televisão que são Italianos.
2-      Eu tenho uma certa sorte com caronas inusitadas de autoridades quando estou viajando. Não recomendamos fazer isso em casa.



No meu ultimo texto, eu falei sobre como as pessoas que conhecemos em viagens mudam nossas vidas. Em maio de 2015, durante meu primeiro mochilão pela Itália, eu descobri Malta de uma maneira completamente inusitada.

Eu estava no final da minha viagem, na Sicília, e me lembro de ter uma conversa com meu irmão mais velho sobre como eu já estava com saudade de casa e de todos e que nunca conseguiria morar fora. No dia seguinte, fazendo um passeio pelo Etna eu ouvi dois homens cantando e falando muito alto e rindo no ônibus (sob olhares de julgamento de todos) em uma língua que eu nunca tinha escutado. Como boa geminiana que sou, fui fazer amizade e descobri que eles eram malteses. Eu já tinha pensado em conhecer Malta mas achei que não iria ter tempo. Eu tinha mais 5 dias de viagem antes de voltar ao Brasil e já tinha visto tudo o que eu queria ver na Sicília. Decidi comprar uma passagem, reservar um Hostel e ir para Malta no dia seguinte.

E foi assim, as 4 da manhã esperando o barco para Malta, que eu conheci o Kris, um oficial do exército Maltês que me ofereceu uma garrafa de água que mudaria tudo. E eu nem imaginava o impacto que aquela amizade repentina ia fazer na minha vida. Em 3 horas de viagem, ele me contou a história da vida dele e decidiu me mostrar como era a vida local em Malta quando chegássemos. Eu só não sabia que ia ser em um carro do exército. Com um soldado dirigindo.

Eu me vi num paraíso amarelo, com um mar em 7 tons de azul e portas e sacadas coloridas. De norte a sul, ele me explicou a história das cidadezinhas, como funcionavam as coisas, o horário de trabalho durante o verão, e eu ali recebendo um banho de informações me apaixonei pouco a pouco por aquele lugar. A energia de Malta (para quem acredita nisso) é incrível, e as paisagens fazem qualquer segunda-feira de manhã ficar mais feliz. 5 dias era muito pouco naquele lugar e voltei para o Brasil com o coração apertado e, ao mesmo tempo, com uma certeza de que voltaria para lá. Mantive contato com o Kris, e decidi começar o processo da minha cidadania italiana.

A semente estava plantada, me apaixonei por outro país. Mas será que eu aguentaria morar longe de casa? Eu tinha 25 anos, trabalhava em uma multinacional , tinha um cargo de confiança, e uma vida confortável no Brasil (com exceção das frequentes 15 horas por dia de trabalho). Eu me pegava constantemente olhando pela janela do escritório invejando as pessoas andando na rua. Me sentia presa, como um passarinho na gaiola. E nessa indecisão de tentar ou não tentar, meu chefe pediu demissão e eu me vi em pânico e decidi: é agora ou eu nunca mais vou ter coragem de sair daqui.

Eu decidi viajar por 1 ano para testar como eu lidaria com isso. Pelo menos esse era o plano. Saí do Brasil com apenas uma mochila nas costas, muito choro, cartas e fotos dos amigos e da família e sem saber como eu (consumista nata, aprendiz de centopeia) ia viver só com o que coube na mochila. Mas essa adaptação e mudança é um conto para outro texto, outro dia.

Eu embarquei em Março de 2016. Depois de 3 meses morando na Itália e viajando pela Europa, minha cidadania saiu e no dia seguinte eu estava em Malta. O plano era ficar 1 mês lá. Mais de 3 anos depois, sigo nesse pequeno mundo amarelo e azul...
E o Kris? Me buscou no aeroporto quando cheguei, passou o dia comigo e depois disso voou. A missão dele no meu caminho estava completa. Não nos falamos ou nos vimos mais, e eu só fui encontra-lo outra vez na minha despedida de Malta 1 ano depois. E quando eu voltei, quase 2 anos depois. Como se ele fosse meu guia de passagem aqui. Tenho certeza que quando eu for embora vou encontra-lo novamente.

Um sorriso, uma gentileza, um pouquinho de inconsequência (de vez em quando) e um coração aberto pode mudar seu dia, sua semana, seu ano ou a sua vida. Esteja aberto a tudo que vem no seu caminho, você pode se surpreender.




Comentários

  1. Ai, Nath Ballila ...Você realmente me surpreende sensacionalmente!!! Muita vibe de Luz pra você!! Always!! Love ya just plain simply like that!!!

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